Livros adquiridos em Abril


Nesse mês de Abril acabei por adquirir mais livros do que costumo comprar em um mês. Geralmente só compro dois livros por mês pela seguinte questão: só pego o que quero ler no momento. Evito comprar alguma coisa pensando em ler depois. Quando acontece de eu acabar comprando mais que três livros no mês, pode ocorrer de o próximo livro ficar de canto na prateleira, atrás de algum outro que estou com mais interesse em conhecer, e logo acabo por postergar a leitura até finalmente esquecê-la — e isso é um desperdício de dinheiro. Devido minha rotinha (estudar, trabalhar na escala 6x1, tentar viver, etc) eu realmente não tenho tempo para ler tudo o que gostaria em um mês, para falar a verdade, eu realmente só consigo ler quando estou de folga, ou seja, um dia por semana. Mas indo direto ao assunto, iniciei o mês de Abril com a brutal fantasia chinesa da R.F Kuang, A Guerra da Papoula. Estou bem distante de terminar de ler, uma vez que estou na página duzentos e-alguma-coisa de um calhamaço com quase seiscentas páginas. Entretanto, está sendo uma experiência empolgante, cheia de reviravoltas e sanguinária. Cada página te convida a conhecer a próxima. Acebei de acabar a primeira parte do livro, antes das guerras em si estourarem outra vez, quando a protagonista Rin ainda está por começar sua jornada estudando em Sinegard, descobrindo sua própria força e mais sobre a história do reino e a hierarquia social na qual ele é regido.


Falando brevemente das minhas primeiras impressões sobre A Guerra da Papoula e a escrita da R.F Kuang, é um universo muito bem construído, ouvi falar que é baseado na Guerra Sino-Japonesa e na Guerra do Ópio, e aproveitei pra pesquisar sobre esses eventos muito importantes na história da China, e existe um certo paralelo entre a realidade e a ficção, embora a Kuang seja extremamente original e criativa na construção complexa de Nikara. Fatores históricos citados durante a trama que ajudam a entender as chamadas Guerras da Papoula e a construção do império, intrínsecas à uma critica social poderosa sobre a xenofobia e o racismo. É um livro deveras político, o que eu já esperava. Vemos bastante sobre a forte desigualdade social daquele império e as consequências violentas de uma guerra que perdura. A escrita da Kuang é tão perfeitamente crua e direta quanto a obra exige, é uma escrita que tece o enredo como um tecido, constrói um ambiente hostil, violento e cheio de injustiças, mas também traz uma beleza cultural sublime. Nossa protagonista, a Rin, tem uma determinação implacável e graças a isso a garota alcança tantas reviravoltas satisfatórias ao decorrer da trama, e acompanhar a Rin em sua jornada é uma delicinha nos momentos de triunfo, embora em algumas partes sentimos um peso horrível caindo sobre ela, uma garota escura sem nome, família ou qualquer prestigio. Gostaria de comentar sobre o final de um capítulo do livro, onde um determinado professor simplesmente humilha a Rin da forma mais covarde o possível, e eu fiquei completamente em choque por dez minutos após terminar aquele capítulo com tamanha crueldade. Não é uma leitura leve, mas é uma leitura muito boa. Kuang sabe como ninguém te deixar submerso no universo que ela cria.


Mais recentemente comprei na Amazon Mrs. Dalloway, a célebre da Virginia Woolf; Um Sopro de Vida da Clarice Lispector e Se deus me chamar não vou da Mariana Salomão Carrara. Exceto por Se deus me chamar não vou, na qual já dei umas folheadas, não comecei a ler nenhum deles por enquanto, mas tenho fortes expectativas em Se deus me chamar não vou. Já havia visto este título bastante provocativo nas recomendações da Amazon e o ignorei até que uma booktuber que eu acompanho acabou colocando este como um dos livros preferidos dela. Um Sopro de Vida da Clarice eu me interessei por dois motivos: 1 - estava com saudades de ler alguma coisa dela, 2 - existe uma dinâmica muito interessante e diferente das demais obras delas nesta aqui que me atiçou. Já Mrs. Dalloway peguei por querer conhecer mais da Virginia Woolf. A única obra que li dela até então foi um ensaio chamado Profissões para mulheres e outros artigos feministas. Sei que ela também escreve em fluxo de consciência, o que eu gosto bastante e tomo como um desafio. Em suma, estou bastante empolgada com esta nova temporada de leitura! Agora estou indo preparar macarrão com brócolis. 



  1. Parece que abril foi um mês bem produtivo para suas leituras! "A Guerra da Papoula" tem uma construção bem complexa e cheia de crítica social. Esse anos, depois de uns bons anos sem ler direito, retornei a vida de leitora, já li 5, de janeiro para abril, e é ótimo.

    romashka

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    1. Oie Kamilla! Fico muito feliz em te ver por aqui! Eu lembro que ano passado, em fevereiro, eu também havia retomado meu hábito de ler, e eu conseguia ler apenas livros de romance e poucas páginas por dia, mas fazia parte do processo. Que bom que você voltou da ressaca já bem turbinada. Beijinhos!

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  2. Oi Ayla! Eu tento muito manter essa prática de comprar apenas o que vou ler, acho que além de desperdício de dinheiro, é um problema de acúmulo que me incomoda. De uns anos para cá eu passei a comprar menos livros, ir em sebos e me desfiz de livros que não iria reler ou sequer tinha lido. Eu tô muito ansiosa para ler A guerra da papoula! Tenho vontade de estudar mais sobre a história da Ásia e mesclar estudos com leitura é um meio legal de conhecer coisas novas. Ainda não li Virginia, mas tenho curiosidade.

    Garota do 330

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    1. Eu também tenho esse incômodo com acúmulos. Eu acho importante que saibamos que não somos menos leitores se lemos 1 livro por mês ou 8, se temos uma estante com 400 livros ou uma com 40. E se você quer estudar mais sobre a história do Leste Asiático vai ADORAR A Guerra da Papoula. Beijinhos.

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  3. Também tenho um problema com os livros acumulados, felizmente em abril consegui ler bastantes livros, o que quer dizer que já tratei de algumas leituras pendentes, deixando com espaço para novas aquisições!

    Bjxxx,
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    1. Oie Teresa! Muito bom te ver por aqui, e é realmente uma enorme satisfação pessoal conseguir ler nossos livros acumulados e já ir pensando nos próximos. Beijos!

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  4. Oi Ayla, adorei aqui, o seu blog! Também prefiro comprar só aquilo que quero ler no momento — até porque sei que, se for pra prateleira antes da leitura, tem grandes chances de ficar esquecidinho por lá. A Guerra da Papoula está na minha lista há um tempo e seu relato só me deixou com mais vontade de ler. E amei a sua escolha de autores tão potentes como Clarice e Virginia. Essa nova temporada de leituras promete demais!

    Beijos da Ju's Reads 💜

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    1. Oie, que felicidade te ver por aqui! Tem razão amiga, deixar um livro na estante é como abandoná-lo, e acredito que ante essa realidade atual na qual a leitura virou mais uma ferramenta do capitalismo que nos incentiva a consumir em massa (mais do que podemos usufruir), é uma afronta ser leitora que lê só o que quer no momento. E leia quando tiver chance A Guerra da Papoula, GARANTO que não irá se arrepender, embora seja um livro com temas densos, é uma leitura muito fluida. Beijinhos!

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